I
minha vó enrola
com a pontas dos dedos
os miolos de pão
debulha o tempo
fermenta na língua
um idioma de trigo
II
a janela
ao contrário
das portas
é um idioma
de entradas
III
apenas através do tédio
é possível acessar
a língua dos poetas
IV
sonho é a linguagem
universal do delírio:
eu tenho que poesia
é o delírio da língua